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Entenda a suspeita de propina em negociação de vacinas Covid-19

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A CPI da Covid apura se houve pedido de propina em uma negociação paralela para adquirir vacinas da AstraZeneca contra a Covid-19 por meio de uma empresa que diz ser intermediária, a Davati Medical Supply. No entanto, a AstraZeneca afirmou que não tem um intermediário no Brasil.

Qual é a vacina e como ela seria comprada?
A vacina foi desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, em parceria com a empresa AstraZeneca.

A Fundação Oswaldo Cruz tem uma parceria com essa empresa para produzir essa vacina no Brasil — esse imunizante é um dos principais no programa de imunização no país, mais de 43% das cerca de 92 milhões de vacinas já aplicadas são da AstraZeneca—, mas isso não impede que outras doses sejam adquiridas de outros produtores; era isso que a Daviti pretendia fazer.
O que diz a AstraZeneca?
Não está claro ainda se a Davati poderia realmente fazer isso: a AstraZeneca informou que não tem intermediários no Brasil.
O que a Davati propôs?
A Davati ofereceu ao Ministério da Saúde 400 milhões de doses da vacina da Astrazeneca por US$ 3,50 por dose, num custo total US$ 1,4 bilhão. Segundo o documento, as vacinas seriam fabricadas em “vários países” e enviadas diretamente da Astrazeneca para o comprador, em data a ser definida posteriormente.
O contrato paralelo e a possibilidade de haver propina na negociação foram citados na CPI da Covid-19, como foi publicado no blog de Octavio Guedes na terça-feira (29).

Como foi feita a negociação?
A proposta da Davati foi feita em 26 de fevereiro e teve como destinatários o Ministério da Saúde e o ex-diretor de logística Roberto Dias Ferreira. Já Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da Davati, é citado como o intermediário da negociação.
Pereira disse ao jornal “Folha de S.Paulo” que foi a Brasília para tentar negociar as vacinas e fez contato com Roberto Ferreira Dias, então diretor de Logística do Ministério da Saúde.

No dia 25 de fevereiro, Dias disse a Pereira para encontrá-lo em um restaurante em um shopping de Brasília, e não na sede do ministério.

Segundo Pereira, além de Dias, estavam presentes um militar e um empresário de Brasília.

Naquele momento, de acordo com Pereira, Dias afirmou que para conseguir firmar o contrato seria preciso pagar uma propina de US$ 1 por dose. No entanto, Pereira disse que o valor da propina iria incidir em 200 milhões de doses, e não em 400 milhões.

Luiz Paulo Dominguetti Pereira disse que, durante o jantar, o diretor do Ministério da Saúde afirmou que “para trabalhar dentro do ministério, tem que compor com o grupo”.

Pereira, então, questionou qual seria esse grupo, e, de acordo com a publicação, o diretor respondeu que o acordo não avançaria se a Davati não compusesse com “o grupo”.

Na manhã do dia seguinte, 26 de fevereiro, a Davati enviou um e-mail com uma proposta de venda. O Ministério da Saúde respondeu rapidamente, marcando uma reunião oficial para discutir a compra naquele mesmo dia:

“Este ministério manifesta total interesse na aquisição das vacinas desde que atendidos todos os requisitos exigidos. Para tanto, gostaríamos de verificar a possibilidade de agendar uma reunião hoje às 15h, no Departamento de Logística em Saúde”, diz o documento.
Segundo Pereira, quando ele chegou ao prédio do ministério, Dias pediu para que ele aguardasse em uma sala. Enquanto aguardava, Pereira recebeu uma ligação na qual perguntaram a ele se haveria o pagamento de propina. Ele respondeu que não poderia fazer isso.

Os negociadores do Ministério da Saúde, então, passaram a dar respostas evasivas às ofertas de vacinas por parte da Davati, disse, então, Pereira. Segundo ele, eram respostas como “vamos entrar em contato”.

O negócio acabou não sendo fechado.

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