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Fome, dessemprego e miséria nos Estados brasileiros

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O Instituto Amigos da Periferia, localizado no bairro do Benedito Bentes, em Maceió, está há duas semanas sem distribuir sopa e alimentos para 350 famílias carentes porque, segundo os voluntários, açougueiros que costumavam contribuir de graça com ossos e pele de boi, utilizados na preparação das refeições, deixaram de fazê-lo para vender esses itens.

De acordo com Eryvanya Gatto, fundadora e secretária do instituto, os açougueiros faziam as doações porque não tinha demanda para venda desses itens, que acabariam sendo descartados. Mas, diante da crise financeira que o país atravessa e do aumento nos preços da carne, os cortes de menor valor nutricional viraram opção para muitos clientes.

“A gente sempre pegava toda quinta lá no mercado público de Maceió. Já tem duas semanas que a gente vai e eles não estão mais doando, disseram que agora vão vender. A gente está tentando ver o que faz, porque vai ficar faltando para o pessoal daqui”, diz Eryvanya.

Segundo a Vigilância Sanitária de Maceió, não há restrição à venda de peles e ossos nos mercados públicos, desde que esses produtos estejam em perfeitas condições de consumo humano, ou seja, a carne não pode estar estragada e as ossadas precisam ser in natura (sem passar por nenhum tipo de processamento).

Nos locais em que os voluntários costumavam coletar as doações, porém, as peles e os ossos bovinos não são expostos à venda como as demais carnes, mas são vendidos aos clientes que chegam fazendo o pedido específico.

Além de serem utilizados na preparação da sopa, desde o início da pandemia o instituto começou a doar ossos e peles que sobravam para as famílias assistidas, que faziam fila para receber a doação.

“Desde o começo da pandemia era o que sustentava o pessoal. O que algumas pessoas compram para cachorro comer, [as famílias] usam para cozinhar e matar a fome. Se não recebermos mais, essa ajuda acaba e a situação da fome aumenta”, afirma a fundadora do instituto.

Segundo Eryvanya, a procura por ossos e peles de boi cresceu nos últimos meses. “Aumentou muito. Muitas pessoas não têm com o que se alimentar, vivem só com auxílio de R$ 400, e vêm nos procurar. Todo dia vem gente aqui na porta pedir ajuda”.

Em alternativa à sopa, o instituto está distribuindo para as famílias cadastradas quentinhas que foram doadas por uma outra instituição. Não há previsão de quando o instituto voltará a distribuir sopa.

“A comunidade da gente é uma comunidade carente, a maioria do pessoal não tem emprego fixo, trabalha com reciclagem. A gente vai pedindo doação a um e a outro”, lamenta.

Fundado em 2018, o Instituto Amigos da Periferia presta assistência a 350 famílias de vários bairros de Maceió. Além da distribuição de sopa, a instituição oferece aulas de futebol, capoeira e artesanato, além de reforço infantil e cursos profissionalizantes.

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