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Guedes acusa França e Bélgica de retardarem ingresso do Brasil na OCDE

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a Bélgica e a França estão agindo para retardar o ingresso do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as nações mais desenvolvidas do mundo.

De acordo com ele, os dois países adotam essa postura para proteger seus setores agrícolas de competição com o Brasil.

Guedes deu a declaração em Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial. Ele afirmou ainda que a Europa “perdeu a Rússia” e vai perder também a América Latina como parceira comercial caso não haja uma maior integração entre os países .
“A Bélgica e a França ficam retardando o acesso do Brasil à OCDE porque são protecionistas com sua agricultura. Conversando com eles dissemos: nos aceitem antes que se tornem irrelevantes para nós”, declarou Guedes, em palestra.

A OCDE, com sede em Paris, reúne 38 países, a maioria deles desenvolvidos. Ela ainda é chamada de “clube dos ricos”, apesar de incluir vários emergentes, como a Colômbia ou a Costa Rica.

Em janeiro, a entidade aprovou um convite formal para que o Brasil e outros cinco países iniciem as discussões de adesão.

Guedes afirmou que França e Bélgica se tornaram comercialmente “irrelevantes” para o Brasil. Para ilustrar, ele citou que o Brasil comercializava US$ 2 bilhões por ano com a França e com a China no início do século e, agora, negocia US$ 120 bilhões anuais com a China e US$ 7 bilhões com a França.

Integração

Diante da ruptura das cadeias globais de produção por conta da Covid-19 e da guerra na Ucrânia, o ministro da Economia voltou a dizer que o Brasil é um boa opção para fornecer alimentos e para receber investimentos em energia verde, como eólica (produzida pelo vento) e solar.

Ele acrescentou que o país, embora tenha chegado atrasado na “festa” da globalização, está muito animado.

O ministro defendeu ainda uma maior integração entre a Europa e a América Latina e afirmou que, sem isso, os europeus “estarão sozinhos”.

“Eu disse aos europeus que eles perderam a Rússia e agora perderão a América Latina. E estarão sozinhos com eles mesmos, se não entenderem que precisam se integrar com os que ficaram para trás”, afirmou Guedes.

“Ficamos para trás no passado, mas podemos crescer com o novo acesso: alimentos, energia, economia verde”, concluiu o ministro.

Ele acrescentou que, enquanto todos os países estão tentando proteger os empregos, via aumento de imposto de importação, o Brasil vai na direção contrária, reduzindo tarifas e se tornando mais eficiente.

Crescimento econômico e inflação

Guedes também afirmou que o Brasil deve crescer 2% neste ano, mais do que as economias consideradas desenvolvidas, e avaliou que a economia brasileira também se “livrará” da inflação antes das economias mais avançadas.

A previsão do ministro para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano está maior do que a divulgada pelo Ministério da Economia na semana passada, de 1,5%.

Segundo ele, o crescimento do país será maior neste ano, com inflação mais baixa, porque o governo promoveu um ajuste nas contas públicas, contendo gastos, ao mesmo tempo em que o Banco Central começou a subir a taxa básica de juros mais cedo.

“Enquanto a economia estava crescendo [mais no ano passado], ao invés de crescer 7%, 8%, fomos adiante da curva, e assim vamos nos livrar da inflação antes das econômicas avançadas, e vamos crescer mais do que as economias avançadas”, declarou.

Nesta terça-feira (24), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA-15 – considerado uma prévia da inflação oficial do país – ficou em 0,59% em maio, após ter registrado taxa de 1,73% em abril. Apesar de ter desacelerado frente a abril, foi o maior índice para meses de maio desde 2016 (0,86%). Em doze meses, o índice acumulou alta de 12,20%.

Para conter a alta de preços, o Banco Central tem subido os juros básicos da economia há 15 meses. Atualmente, a taxa Selic está em 12,75% ao ano, o maior patamar em mais de cinco anos. O presidente da instituição, Roberto Campos Neto, acredita que o pico da inflação será entre os meses de abril e maio.

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