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Seca, geada e menos boi no pasto: a variação dos preços dos alimentos em 2021

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Após ter disparado 14% em 2020, o preço dos alimentos continuou em alta este ano e subiu mais 7% entre janeiro e novembro, segundo dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No campo, uma das contribuições para a elevação de custos veio de problemas climáticos, como uma seca prolongada e geadas, que derrubaram colheitas importantes do país.

Além disso, uma menor oferta de bovinos continuou pressionando os preços da carne, que se tornou um produto de luxo, em meio a um ano onde imagens de pessoas buscando ossos descartados por frigoríficos e açougues se tornaram comum.

Alguns dos alimentos que tiveram mais alta de preço em 2021 foram: frango, ovos, carne bovina, açúcar, café e tomate. O óleo de soja, por sua vez, que dobrou de preço em 2020, desacelerou alta. Por outro lado, arroz e feijão registraram queda no valor ao consumidor.

A seguir, veja os motivos de alta e de baixa desses produtos em 2021 e o que esperar para 2022:

Frango e ovo como alternativa

O frango (+30,42%) e o ovo (+11,3%) são as proteínas animais que mais tiveram aumento de preço de janeiro a novembro de 2021, puxado por uma maior procura do consumidor, após a carne bovina ter se tornado um produto de luxo no país. Outro fator foi o aumento do preço do milho, que vira ração para as aves.

Apesar disso, esses alimentos se mantiveram como opções mais acessíveis ao brasileiro, ressalta o analista da consultoria Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias.

"O frango continua 3 vezes mais em conta do que o traseiro bovino, que reúne partes nobres, como alcatra, picanha, filé mignon. E continua 2 vezes mais barato do que os cortes dianteiros, como acém, patinho", afirma Iglesias.

O setor também vive um bom momento nas exportações, que devem bater recorde este ano. O Brasil é o segundo maior vendedor mundial de carne de frango, após os EUA, e tem sido um fornecedor cada vez mais requisitado diante dos surtos de gripe aviária (influenza), que atingem países da Europa e do sudoeste da Ásia.

COMO DEVE FICAR:

Para Iglesias, os preços da carne de frango e do ovo devem continuar elevados em 2022, refletindo ainda uma maior procura por proteínas mais baratas frente à carne bovina.

As exportações devem continuar aquecidas, mas o Brasil tem capacidade de fornecer bastante frango ao mercado interno. Isso porque o ciclo de produção das aves é curto, tem 60 dias — bem menor que o dos bovinos, que dura de 5 a 6 anos —, o que dá mais flexibilidade para o produtor ajustar a produção à demanda.

Em 2022, o custo com a ração das aves deve diminuir, após uma forte alta este ano provocada por uma redução da colheita de milho em função da seca.
“A safra de milho tem melhorado e o preço da cotação do grão tem reduzido, tanto aqui no Brasil, quanto no resto do mundo. Nesse sentido, o viés do frango e do ovo devem ser de baixa, depois das festas de final de ano”, diz André Braz, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV.
Carne bovina: um produto de luxo

Item cada vez mais raro no prato do brasileiro, a carne continuou em alta (+7%) este ano, depois de ter disparado em 2020 (+18%).

No campo, o preço do boi bateu recordes em 2021, refletindo uma baixa disponibilidade de animais prontos para o abate. Isso porque os pecuaristas decidiram reter as fêmeas nas fazendas visando um aumento da oferta de bezerros mais à frente, afirma Iglesias, do Safras.

A elevação dos preços do milho e da soja também encareceram os custos com ração. E a forte seca no Centro-Sul diminuiu área de pasto, levando muitos produtores a confinar o gado, o que aumenta ainda mais o custo com alimentação.

A exportação também seguiu forte, puxada pela China, até o embargo do país asiático em setembro. A suspensão gerou até uma queda dos preços da carne no atacado em outubro e novembro, que

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