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Ministério da Saúde ignorou três ofícios com ofertas de vacinas

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O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse que o Ministério da Saúde ignorou três ofícios enviados pelo instituto em 2020 oferecendo doses de vacina contra Covid-19 ao governo federal.

Os três documentos que ficaram sem resposta, segundo o diretor, foram enviados em julho, agosto e outubro do ano passado. Neles, o Butantan ofertou ao governo federal a compra de 60 milhões de doses da vacina CoronaVac para entrega ainda em 2020 e de outras 100 milhões para entrega em 2021. Depois, o instituto mandou mais dois comunicados ao ministério, em dezembro e em fevereiro.

“Vamos colocar a responsabilidade em quem tem a responsabilidade. Estão aqui os ofícios que foram encaminhados ao Ministério da Saúde ofertando vacinas”, disse Dimas Covas.
“O primeiro [ofício] foi em 30 de julho de 2020. Ofertamos nessa oportunidade 60 milhões de doses de vacinas prontas para entrega ainda em 2020 e 100 milhões para serem entregues em 2021. Não tivemos resposta”, disse
o Ministério da Saúde sobre os três ofícios com ofertas de vacina enviados pelo Butantan, mas não recebeu retorno da pasta até a última atualização desta reportagem.

No início de janeiro, foi assinado o primeiro contrato entre o Butantan e o governo federal, para o fornecimento de 46 milhões de doses da CoronaVac. Na última segunda-feira (15), um novo acordo, para fornecer 54 milhões de vacinas, foi firmado. Nesta sexta (19), o ministério manifestou interesse em um terceiro acordo, para a compra de mais 30 milhões de doses. O Butantan confirmou que recebeu a nova intenção de compra do governo federal e disse que ainda está analisando a proposta.

As críticas do diretor do Butantan ao governo federal ocorrem um dia depois de o Ministério da Saúde acusar o instituto de atraso na entrega de doses da CoronaVac.
Troca de acusações
O governo federal anunciou que o Butantan não vai cumprir as entregas previstas em contrato para o mês de fevereiro. Segundo o Ministério da Saúde, o Butantan vai enviar apenas 2,7 milhões de doses neste mês, o que corresponde a 30% do total previsto para fevereiro. Ainda de acordo com a pasta, o instituto avisou o governo federal do atraso apenas nesta quinta-feira.

Já o Instituto Butantan culpou o “desgaste diplomático” entre o governo federal e a China pelo atraso na entrega, e disse que “o Ministério da Saúde omite a briga com a China”. O Butantan disse ainda que é “inacreditável que o Ministério da Saúde queira atribuir ao Butantan a responsabilidade pela sua completa falta de planejamento”.

Butantan e Ministério da Saúde entram em atrito por entrega de vacinas
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O contrato firmado entre o Butantan e o ministério para a compra de 46 milhões de doses para o governo federal prevê a entrega de 9,3 milhões no mês de fevereiro. No início do mês, o governo de São Paulo relatou dificuldades para importar matéria-prima da China.

Nesta sexta-feira, Dimas Covas também criticou os cronogramas apresentados pelo governo federal para vacinação contra a Covid-19 no país, e classificou as promessas como “irreais”.

“O nosso ministério tem que assumir responsabilidade e não apresentar cronogramas irreais de vacinação. Foi apresentado que o Brasil terá esse ano mais de 400 milhões de doses de vacinas. Que vacinas? Vacinas que não existem, estão no papel ainda. Nós precisamos ter muito mais responsabilidade que isso. Jogar os números reais, e não a ficção”, disse Dimas Covas.
No dia 11 de fevereiro, o ministro Eduardo Pazuello afirmou que toda a população “vacinável” receberá imunizantes até dezembro. Nesta quarta-feira (17), o ministro afirmou em reunião com governadores que 230 milhões de doses de vacinas serão entregues até 31 de julho. Para a conta, Pazuello considera a negociação das vacinas Sputnik V, desenvolvida pelo instituto russo Gamaleya, e da indiana Covaxin, que ainda não foram aprovadas pela Anvisa.

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