O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, comentou críticas do deputado federal André Janones (Avante-MG) à forma com que o governo tem se comunicado com a população, especialmente nas redes sociais.
André Janones ajudou na campanha eleitoral de Lula em 2022, principalmente com postagens que viralizaram nas redes.
Nos últimos dias, o deputado tem apontado falhas na comunicação do governo, que, na avaliação de Janones, está “cheio de analfabeto digital” .Para o parlamentar, os “erros” cometidos têm “enfraquecido” o poder de negociação do Executivo.
Questionado sobre as críticas, Paulo Pimenta disse, em entrevista ao Conexão GloboNews, que a Secom tem uma série de limitações legais para atuar nas redes sociais e explicou que, uma vez eleito, um governo precisa se comunicar com toda a população e não apenas com partes da sociedade.
“Na campanha eleitoral, você comunica com as pessoas que você quer o voto, você faz uma comunicação segmentada. Quem ganha a eleição tem que governar para todos”, disse.
“Nós queremos ser um governo de união e reconstrução. Então não esperem da Secom uma política de lacração, uma política de likes. Não é essa função da Secom e muitas vezes as pessoas confundem o trabalho”, acrescentou Paulo Pimenta.
Na avaliação de André Janones, a comunicação da direita e da extrema-direita nas redes sociais são efetivas porque esses grupos exploram bem as ferramentas e linguagens para alcançar “o interiorano lá da cidade de 2 mil habitantes que quer participar da vida política”, enquanto a esquerda não consegue fazê-lo.
Já Paulo Pimenta disse que não cabe ao governo estimular a polarização na sociedade, separando amigos e familiares.
“Parte da nossa base talvez tenha imaginado que nós seríamos uma espécie de gabinete do ódio ao contrário, para alimentar esse ambiente, que dá muito mais engajamento, provoca mais polêmica, mas não é esse o papel da Secom. O papel da Secom é prestação de serviço, informação e comunicação institucional”, declarou o ministro.
Articulação do governo
Na entrevista, Pimenta também reconheceu que o Executivo tem enfrentado dificuldades na articulação política com o Congresso e disse que o governo gostaria de ter uma “base mais ampla” de apoio.
“Gostaríamos que o presidente Lula tivesse uma base sólida mais ampla. O fato é que a democracia nos coloca diante destas circunstâncias. Portanto, um governo, que não tem uma maioria que foi eleita com o presidente, precisa ter permanentemente uma capacidade de dialogar, construir sínteses”, afirmou.
Pimenta também disse que o presidente Lula tem buscado conversar mais com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e também com os partidos e bancadas, em busca de mais apoio às propostas prioritárias.
Nas últimas semanas, o Congresso tem imposto uma série de derrotas ao governo. Na votação da medida provisória da reorganização dos ministérios de Lula, por exemplo, as pastas de Meio Ambiente e Povos Indígenas perderam atribuições.
Propostas criticadas pelo governo, como a que limita a demarcação de terras indígenas e a que facilita o desmatamento da Mata Atlântica,também avançaram no Legislativo.
Zanin
Na entrevista, Paulo Pimenta também comentou a indicação de Cristiano Zanin advogado de Lula em processos da Lava Jato, ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O ministro disse que o fato de Zanin ter advogado para o presidente, que é o responsável pela indicação, não é um “impeditivo”.
Para o chefe da Secom, o advogado será aprovado pelo Senado com “enorme maioria” uma vez que reúne os requisitos necessários para assumir a cadeira que ficou vaga com a aposentadoria de Ricardo