A equipe que negocia a aprovação da PEC da Transição avalia que as declarações do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, atacando o mercado e não dando foco também na área fiscal, podem trazer mais dificuldades na tramitação da proposta que tira o Bolsa Família do teto dos gastos públicos.
Segundo integrantes do escritório da transição, isso já até começou a acontecer, com parlamentares do Centrão questionando o prazo para exclusão do Bolsa Família do teto dos gastos e o montante a ser liberado para gastar no ano que vem fora da trava fiscal.
Entre aliados de Lula, ninguém coloca dúvidas sobre a aprovação da PEC, mas a avaliação é que o governo Lula perde margem de manobra de negociação com os últimos posicionamentos do presidente eleito. Segundo um aliado, vai crescer o discurso de que não se pode dar um cheque em branco para Lula.
A equipe do petista quer garantir pelo menos que o Bolsa Família fique fora do teto dos gastos públicos durante o mandato de Lula, por quatro anos, e que o valor seja de no mínimo R$ 175 bilhões. Esses pontos eram considerados assegurados, mas as declarações de Lula, levantando dúvidas sobre a responsabilidade fiscal em seu governo, podem determinar, por exemplo, que o prazo caia para dois anos.
Na próxima quarta-feira, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, vai fazer uma reunião com os líderes e presidentes dos 14 partidos políticos que integram o conselho político do futuro governo para iniciar as negociações para aprovação da PEC do Bolsa Família. Serão convidados, inclusive, líderes de outros partidos, como PSDB, PP e Republicanos, que não estão apoiando o futuro governo Lula.