O candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, afirmou que “não será fácil” furar o que costuma chamar de “polarização” entre o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, e o ex-presidente Lula, candidato do PT nas eleições deste ano.
Ciro deu a declaração ao participar de um debate organizado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo.
“Todos os candidatos da polarização têm compromisso com a mesma matriz, que se traduz no prático no Brasil: câmbio flutuante, superávit primário, meta de inflação, política de preços da Petrobras, teto de gastos e autonomia do Banco Central. Acabou. Piloto automático, deixa tudo como está. E a gente promete picanha e cerveja de um lado e combate ao comunismo de outro. Podem rir porque isso é o que está acontecendo no nosso país, se nós não desarmarmos essa bomba. Tem 30 dias para gente fazer isso. Estou muito crente que estamos conseguindo. Não será fácil, mas estamos conseguindo”, declarou.
Nesta quinta (1º), pesquisa do instituto Datafolha mostrou Ciro em terceiro lugar, com 9% das intenções de voto, atrás de Lula (45%) e Bolsonaro (32%).
Além disso, pesquisa Ipec divulgada na última segunda (29) também mostrou Ciro em terceiro lugar, com 7%, atrás de Lula (44%) e Bolsonaro (32%).
Lula diferente de Jair Bolsonaro
Na sequência do discurso desta sexta-feira, Ciro Gomes disse que “qualquer imbecil” sabe que Lula é diferente de Bolsonaro, mas que os dois repetem “o mesmo modelo” na economia.
Para Ciro Gomes, esse cenário pode inibir o investimento de empresários no país nos próximos anos.
“Qualquer imbecil sabe que o Lula é diferente do Bolsonaro. Eu estou falando do modelo. É rigorosamente o mesmo: câmbio flutuante, superávit primário, meta de inflação. Há 15 anos, essa estagnação econômica faz com que a capacidade instalada brasileira esteja ocupada 80%, 75%. Ora, quem é o empresário que vai investir num país em que a capacidade de investimento já instalada não dá conta de otimizar o investimento? E a produtividade da economia brasileira está indo para o brejo”, acrescentou o candidato.
Teto de gastos
Ciro Gomes também voltou a criticar o teto de gastos. O candidato do PDT tem dito que, se eleito, buscará revogar a medida.
Promulgada pelo Congresso Nacional em 2016 e em vigor desde 2017, a emenda constitucional do teto de gastos limita as despesas da União à inflação do ano anterior.
Por se tratar de emenda constitucional, a regra do teto de gastos só pode ser alterada por uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), cuja aprovação depende do apoio mínimo de três quintos dos parlamentares (308 dos 513 deputados; 49 dos 81 senadores), em dois turnos de votação na Câmara dos Deputados e mais dois turnos de votação no Senado.