Quase metade de toda a economia brasileira em 2017 foi gerada por pouco mais de 1,2% de todas as cidades do país. É o que mostra um levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o estudo, aproximadamente 50% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2017 foi gerado por apenas 69 dos 5.570 municípios do país. Estas cidades concentravam mais de 1/3 de toda a população brasileira, enfatizou o IBGE.
Em 2017 o Brasil registrou o primeiro avanço do PIB após dois anos de retração. Em valores correntes, ele chegou a R$ 6,583 trilhões, o que corresponde a uma alta de 1,3% na comparação com 2016.
O IBGE destacou ainda que, dentre estes 69 municípios com os maiores PIBs, sete deles responderam juntos por 25% de toda a economia do país, e abrigavam 13,6% de toda a população. Essa concentração já foi maior, já que em 2002 apenas quatro cidades respondiam por 25% do PIB nacional.
Os sete municípios com maiores PIBs em 2017 foram:
· São Paulo (SP), com 10,6% do total (R$ 699,3 bilhões)
· Rio de Janeiro (RJ), com 5,1% (R$ 337,6 bilhões)
· Brasília (DF), com 3,7% (R$ 244,7 bilhões)
· Belo Horizonte (MG), com 1,4% (R$ 88,9 bilhões)
· Curitiba (PR), com 1,3% (R$ 84,7 bilhões)
· Osasco (SP), com 1,2% (R$ 77,9 bilhões)
· Porto Alegre (RS), com 1,1% (R$ 73,9 bilhões)
Deste municípios, apenas Osasco e Porto Alegre alteraram suas posições no ranking na comparação com 2002 – Osasco passou da 16ª colocação para a 6ª, enquanto Porto Alegre caiu da 6ª para a 7ª.
A gerente de contas regionais do IBGE, Alessandra Poça, afirmou que a análise dos dados na série histórica, iniciada em 2002, permite perceber que “há uma tendência à desconcentração” econômica no país.
“Os municípios de maior valor [adicionado] vêm perdendo participação no total do Brasil. Entretanto, essa perda, apesar de ser constante e gradual, ela é lenta”, enfatizou a pesquisadora.
Outro recorte feito pelo IBGE mostra que 25% da produção econômica do país em 2017 foi realizada pelas concentrações urbanas de São Paulo e Rio de Janeiro – a primeira respondendo por 17,3% do PIB nacional e a segunda, por 7,7%.
O instituto enfatizou, ainda, que “as 10 maiores concentrações urbanas brasileiras compõem cerca de 43% do PIB” – São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Campinas, Salvador, Recife e Fortaleza.
O IBGE destacou que fatores regionais têm relação direta com a produção econômica. “Os municípios mais urbanizados tendem a ter maior participação dos Serviços e da Indústria no PIB, atividades que produzem maior valor agregado por área, enquanto as áreas rurais têm na Agropecuária, com menor valor por área, atividade importante para a economia”, apontou o instituto.
A pesquisa evidenciou também que o município de São Paulo é o grande destaque da produção econômica do país. Representando apenas 5,8% da população brasileira e com uma economia de R$ 699,3 bilhões, o que corresponde a 10,6% do total nacional, a capital paulista tem um PIB equivalente a 4.305 municípios que, juntos, reúnem 23,9% da população.
Regiões
Regionalmente, o Sudeste é o que mais contribui para a produção econômica. Dos 100 municípios com os maiores PIBs em 2017, ela respondia por 56 deles. A região Sul aparece em segundo lugar, com 17, seguida pelo Nordeste, com 15, Centro-Oeste, com sete, e Norte, com cinco.
Desconsiderando as capitais, a concentração no Sudeste era ainda maior: 64 dentre os 100 municípios com maiores PIBs. No mesmo ranking, o sul aparece com 21, o Nordeste, com oito, o Centro-Oeste, com cinco, e o Norte, com dois.
“Nota-se, ainda, que o Norte, em 2002, não tinha nenhum representante entre os 100 maiores PIBs e passou a contar com dois municípios em 2017 – Parauapebas (PA) e Marabá (PA), com 0,3% e 0,1% do PIB brasileiro, respectivamente”, destacou o IBGE.
Evolução da participação no PIB
Considerando toda a série da pesquisa, ou seja, entre 2002 e 2017, São Paulo e Rio de Janeiro são os municípios que mais perderam participação na composição do PIB nacional. As perdas foram, respectivamente, de 2,1 pontos percentuais (p.p.) e de 1,2 p.p.
Segundo o IBGE, o recuo de participação da capital paulista foi influenciado pela redução relativa de Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados. Já a queda da capital fluminense se deve à diminuição de seu peso na Indústria do país.
Os outros municípios com perdas significativas da participação na composição do PIB nacional foram Campos dos Goytacazes (RJ), que registrou recuo de 0,5 p.p. em decorrência da redução em valor da extração de petróleo; São Bernardo do Campo (SP) e São José dos Campos (SP) ambos com perda de 0,3 p.p. em função de queda da indústria de transformação.
Já Osasco (SP) foi o que obteve o maior ganho de participação no PIB no período, de 0,3 p.p. O IBGE enfatizou que o município “adquiriu maior destaque na economia nacional devido às atividades de serviços, sobretudo no comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas e em atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados”.
Outro destaque no ganho de participação ficou com Itajaí (SC), com aumento de 0,2 p.p. em função do comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas.