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Brasil não pode ser ‘mendigo’ por verbas contra desmatamento

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O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o Brasil “não tem que ser mendigo” na busca por recursos para combater o desmatamento ilegal.

Presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, Mourão deu a declaração a três dias da Cúpula dos Líderes sobre o Clima, que deverá reunir 40 chefes de Estado ou de governo. O anfitrião será o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente Jair Bolsonaro foi convidado.

Na semana passada, se tornou público o conteúdo de uma carta enviada por Bolsonaro a Biden, na qual o presidente brasileiro pediu a “ajuda possível” da comunidade internacional e disse que se compromete a zerar o desmatamento ilegal até 2030 (o mandato atual de Bolsonaro acaba em 2022).

Na entrevista desta segunda, Mourão afirmou que financiamento externo pode auxiliar, mas que a tendência é de os outros países repassarem dinheiro se o Brasil apresentar bons resultados na área.

“A tendência sempre é essa [esperar resultado concreto], que eu vejo. E a gente não tem que ser mendigo nisso aí. Vamos colocar a coisa muito clara: temos as nossas responsabilidades. O Brasil é responsável só por 3% das emissões no mundo. Desses 3%, 40% é o desmatamento, ou seja, 1,2% do que se emite no mundo é responsabilidade do desmatamento nosso aqui. Tem que fazer nossa parte, dentro do Acordo de Paris”, declarou Mourão.

Para o vice-presidente, por ter matriz energética mais limpa na comparação com outros países e grande cobertura vegetal nativa, o Brasil é um “player” na mesa de negociações e poderá convencer os demais países sobre os esforços adotados pelo governo, apesar das críticas de políticos e ambientalistas.

Segundo o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), os alertas de desmatamento na Amazônia em março foram os maiores já registrados para o mês desde o começo da série histórica.

Ao todo, foram 367, km² no mês passado, conforme medições do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter)
undo Amazônia
Ainda na entrevista desta segunda, Mourão disse que o Fundo Amazônia, parado desde 2019, pode receber o dinheiro que o governo deseja.

O vice tem dito que a meta reduzir entre 15% a 20% o desmatamento até julho na comparação com o ano anterior. Ele acredita que com esse resultado será possível reativar o fundo, em especial com Noruega e Alemanha, doadores originais.

“Se quiserem trazer recursos, o Fundo Amazônia admite todo e qualquer tipo de doação para ele. Ele já está aberto para isso, não é só os países que foram doadores iniciais. Entes privados, ou outros entes públicos, outros países podem aderir a ele”, disse.
Criado em 2008 para financiar projetos de redução do desmatamento e fiscalização, o Fundo Amazônia está parado desde abril de 2019, quando o governo Bolsonaro extinguiu o Comitê Orientador (COFA) e o Comitê Técnico (CTFA), que formavam a base do Fundo.

À época, a Noruega suspendeu repasses ao fundo. Em resposta, Bolsonaro afirmou que o Brasil não tinha que usar o exemplo do país e sugeriu à Noruega que usasse o dinheiro para reflorestar a Alemanha.

Noruega
Mourão também afirmou nesta que tem conversado com autoridades norueguesas para destravar o Fundo Amazônia.

O ministro do Meio Ambiente da Noruega, Sveinung Rotevatn, disse à BBC News Brasil que a redução do desmatamento na Amazônia é uma “questão de vontade política, não de falta de financiamento adiantado”.

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