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Poder e autoridade, segundo Jesus Cristo

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Quem for eleito presidente da República indicará em 2023 dois novos ministros ao STF em substituição a Ricardo Lewandowski e a Rosa Weber. Não quero nem pensar no que faria Lula se a caneta das indicações lhe retornasse às mãos. O Supremo que emergiu da década petista é esse de que padecemos. Em 2018, o candidato da maioria de seus membros perdeu as eleições. Inconformado, tornou-se, o STF, um dos muitos centros de poder nacional cujos membros combatem ferozmente os objetos de seus próprios preconceitos e malquerenças.

Podemos divergir sobre o quanto isso afetou a vida institucional do país. Mas é inegável que o Supremo atraiu muito desagrado ao destruir a Lava Jato e, com ela, as esperanças de um Brasil passado a limpo. A contribuição do STF ao combate à criminalidade e à impunidade corresponde a algum algarismo bem menor do que zero, no que empata com o Congresso Nacional.

Parece oportuníssimo reproduzir aqui palavras de Jesus Cristo em Mateus 20:25-28. Não o faço por ser católico, mas por quanto há de sabedoria nestas poucas e raras palavras de Jesus objetivamente “políticas”.

“Sabeis que os chefes das nações as governam como seus senhores e que os grandes exercem sobre elas o seu poder. Não seja assim entre vós. Pelo contrário, quem entre vós quiser fazer-se grande seja o vosso servo; e quem no meio de vós quiser ser o primeiro seja vosso servo. Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir.”

O princípio aqui enunciado proporciona a quem esteja investido de poder muito daquilo que os romanos chamavam “Auctoritas” e descrevia aquela ascendência inerente a certos indivíduos como efeito natural do bom exemplo, da sabedoria, da experiência e das virtudes.

De nada vale os senhores ministros reclamarem para si, em decorrência do poder a eles atribuído, o reconhecimento e a consideração que, na vida real, advêm da Auctoritas. Esta, por muitas razões, é mercadoria em falta, um passo fora dos salões onde, por dever de ofício, entram os rapapés e as cortesanias de praxe. Quanto tais louvações realmente valem daquilo que pesam nas falas à Corte?

Em excelente artigo de 2010, o padre e mestre português Dr. Anselmo Borges inflama-se ao referir aqueles que, no exercício de seu poder institucional, não cuidam de preservar a auctoritas. Fala sobre os maus pais e pergunta: o que acontece quando lhes faltam as condições morais necessárias para exercer e fazer crescer a dignidade dos filhos? Fala sobre os maus professores, observando que “quando os estudantes descobrem que um professor é incompetente, é melhor pôr-se a salvo”. Por fim, menciona aquelas personagens do mundo político a quem, por falta de qualificação intelectual, técnica ou moral, “à função de deputados ou ministros só resta o nome”.

A perda de referências dá causa a um desastre social no Brasil. Só não vê quem disso se beneficia.

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