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Bolsonaro nunca terá interesse em trégua com Judiciário

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Num momento em que Legislativo e Judiciário buscam acalmar os ânimos da crise entre Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF), ministros da Corte avaliam que o presidente Jair Bolsonaro nunca terá interesse, de fato, em estabelecer uma trégua. Segundo eles, o presidente se alimenta desses conflitos, principalmente quando está com a imagem desgastada, como agora.

O presidente do STF, Luiz Fux, vai receber o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e, depois, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.

São conversas agendadas para tentar retomar canais de diálogos entre os três Poderes, principalmente depois de o presidente Bolsonaro prometer entregar ao Senado pedidos de impeachment dos ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.

Inicialmente, depois do recesso do Judiciário, os presidentes dos três poderes iriam se reunir para estabelecer uma trégua, com o compromisso de todos os lados respeitarem os limites da Constituição. Só que o presidente voltou a fazer ataques a ministros do STF, o que levou Fux a cancelar a reunião.
Agora, o presidente, descontente com decisões do STF, como a ordem de prisão contra seu aliado, o ex-deputado Roberto Jefferson, elevou ainda mais o tom e prometeu entregar pessoalmente ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), um pedido de impeachment contra os ministros Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.

A nova investida de Bolsonaro contra o Judiciário levou Pacheco e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a mais uma vez darem declarações garantindo que o Congresso não aceitará retrocessos no país e defendendo a independência e harmonia entre os poderes. E reafirmaram que o país, com essas polêmicas, está perdendo tempo na definição de temas de interesse da população.

Diante de novas conversas entre Fux, Pacheco e Lira, a expectativa é sobre a disposição do presidente Bolsonaro para aceitar uma trégua. Por enquanto, as conversas com o Executivo estão sendo feitas com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, que estará nesta quarta com o presidente do Supremo.

Entre ministros do STF, a avaliação é que Bolsonaro pode até aceitar participar de uma reunião entre os três poderes, mas sempre será um encontro para “produzir uma foto”, com efeito de “curto prazo”, porque o presidente já deu demonstrações em episódios anteriores que ele sempre volta ao embate com aqueles que considera seus “inimigos”.

Um ministro do Supremo disseque tentar uma nova reunião com os chefes dos três poderes, organizada pelo STF, vai acabar desgastando a imagem do tribunal. Exatamente porque Bolsonaro tem como estratégia, visando a eleição do ano que vem, manter o conflito com seus adversários para manter sua base mobilizada.

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