O presidente Jair Bolsonaro disse que “não tem como saber o que acontece nos ministérios”, ao comentar com apoiadores o caso da compra da vacina Covaxin.
A compra pelo governo federal de doses da vacina indiana Covaxin se tornou o principal tema da CPI da Covid nos últimos dias.
Em depoimento à comissão, o servidor do Ministério da Saúde e ex-chefe do setor de importação da pasta Luis Ricardo Miranda disse que identificou suspeitas de irregularidades na compra.
Ele e o irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), disseram que alertaram o presidente Jair Bolsonaro, em reunião no dia 20 de março, sobre as suspeitas.
Nesta segunda, ao sair do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse a apoiadores que tem “confiança nos ministros” e não sabe de tudo o que acontece nas pastas.
“Eu recebo todo mundo. Ele que apresentou, eu nem sabia da questão, de como estava a Covaxin, porque são 22 ministérios. Só o ministério do Rogério Marinho [Desenvolvimento Regional], tem mais de 20 mil obras”, declarou.
“Então, eu não tenho como saber o que acontece nos ministérios. Vou na confiança em cima de ministros e nada fizemos de errado”, completou Bolsonaro.
Líder do governo
À CPI, o deputado Luis Miranda contou ainda que, quando fez a denúncia de suspeitas sobre o contrato ao presidente, Bolsonaro reagiu dizendo: “Isso é coisa de fulano”, em referência a um parlamentar.
“Ele diz: ‘Isso é coisa do fulano. [Palavrão], mais uma vez’. E dá um tapa na mesa”, relatou o parlamentar.
Miranda resistiu a apresentar o nome do parlamentar citado por Bolsonaro, mas, ao final de seu depoimento, afirmou que o era o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).
Senadores da CPI devem ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta segunda para apresentar uma notícia-crime contra o Bolsonaro.
Os parlamentares vão alegar que Bolsonaro cometeu prevaricação. Nesse caso, a prevaricação se configuraria, segundo os senadores, pela omissão de Bolsonaro ao não comunicar uma suspeita de irregularidade.
Suspeitas de irregularidades
Luis Ricardo Miranda, ex-chefe do setor de importação do Ministério da Saúde, disse que se recusou a assinar um documento (espécie de nota fiscal internacional) da compra da Covaxin, porque, segundo ele, havia suspeitas de irregularidades.
Entre os pontos suspeitos apresentados pro Luis Ricardo estão:
preço acima do contratado
números de doses menor que o contratado
documento em nome da empresa Madison, com sede em Cingapura. A fabricante da Covaxin, que consta no contrato, é a Barath Biotech