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Cinco sugestões de roteiros off-road

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Opções com níveis diferentes para quem deseja experimentar a sensação de rodar fora do asfalto

Nos últimos tempos, jipes, picapes e SUVs (sigla em inglês para veículo utilitário esportivo) entraram para a galeria de modelos preferidos dos motoristas do país. Um levantamento da consultoria automotiva TSO Brasil constatou que, entre 2000 e 2010, a participação desse tipo de carro sobre o total comercializado por aqui aumentou de 1% para 7,6% — de 13.690 unidades no início da década para mais de 217.000 no ano passado. No mesmo período, a oferta de produtos como esses subiu de onze para trinta modelos. A cidade de São Paulo é o maior mercado, concentrando quase 30% do volume de negócios de montadoras como a Mitsubishi. “Além do status que esse tipo de carro confere, as pessoas sentem-se mais protegidas em caso de acidente”, analisa Cacá Clauset, sócio da TSO Brasil.

Curiosamente, boa parte dos proprietários investe pesado para adquirir um automóvel da categoria (os preços começam na faixa de 60.000 reais e podem chegar a 800.000 reais), mas passa a vida sem usar seus principais recursos, guiando sua máquina apenas no asfalto. Várias pesquisas realizadas pelos fabricantes mostram isso. Segundo uma encomendada pela Nissan, cerca de 90% dos condutores não utilizam com freqüência o sistema de tração integral. Outro estudo, patrocinado pela Troller, indicou que apenas 10% dos clientes já haviam levado seu veículo para trilhas off-road. Trata-se de enorme desperdício, na visão dos especialistas no assunto. “Esses automóveis respondem muito melhor na estrada e na chuva”, afirma João Roberto Gaiotto, instrutor de condução 4×4.

Um dos principais motivos para essa falta de hábito é a falsa impressão de que uma aventura do tipo exige coragem e habilidade dignas de um piloto do rali Paris-Dakar. Na verdade, é possível fazer passeios interessantes — e sem riscos — em diversos trechos próximos à região metropolitana ou viagens curtas a municípios como Atibaia, variando de paisagens e desafios. “Mesmo sem grande experiência no assunto, dá para realizar boas travessias em trechos com areia e riachos”, diz Julio Florez, diretor do Jeep Clube do Brasil. Nas páginas a seguir, há cinco sugestões de roteiros, com níveis diferentes de dificuldade, para quem deseja experimentar a sensação de sair do conforto do asfalto para colocar as rodas na lama.

Castelhanos

Partindo do Perequê, núcleo urbano próximo à balsa que leva a Ilhabela, um caminho corta a cidade e o Parque Estadual para chegar ao recôndito paraíso de Castelhanos, uma das praias mais bonitas e selvagens do Litoral Norte paulista. “Para chegar lá, o motorista anda um bom trecho em mata fechada, em meio à natureza”, descreve o jipeiro Fabrício Oliveira, sócio de uma agência de turismo que opera na região. “Com sorte e tempo aberto, você tem uma visão incrível quando chega ao cume.” A trilha de 22 quilômetros de acesso ao local já perdeu um pouco do seu nível de dificuldade, mas ainda reserva momentos radicais: são 10 quilômetros de subida intensa, até 730 metros acima do nível do mar, e outros 12 quilômetros de descida — no verão, com as chuvas, quase metade desse trecho fica tomada pelo barro. Geralmente é percorrida em cerca de duas horas.

Buraco do Camel

Além de ser um buraco, literalmente, o local ficou conhecido dessa forma por ter sediado em 1987 a seletiva brasileira para o Camel Trophy de 1987, uma das principais competições mundiais de rali, realizada até 2000. Localizada na região de Cotia (o acesso é feito pela Rodovia BR-116), a trilha tem pouco menos de 10 quilômetros de extensão, mas é uma das mais desafiadoras da região — normalmente é percorrida ao longo de pelo menos dois dias. “O circuito conta com uma descida bastante íngreme, com piso bem castigado, que chega a um fundo com uma enorme poça de lama com sulcos profundos”, descreve Cacá Clauset. Em seguida, há uma subida, que não chega a ser muito forte, mas o motorista precisa continuar atento. “Caso contrário, corre o risco de ficar no meio do caminho.”

Fazenda Primavera da Serra

Uma antiga fazenda de café, a pouco mais de 20 quilômetros do centro de Brotas, abriga hoje uma charmosa pousada, com uma estrutura bacana para crianças. Mas os adultos também têm vez, em uma respeitável pista de treinamento off-road e algumas trilhas pela propriedade. Na pista, encontram-se obstáculos diversos, como caixa de ovos, inclinações laterais, gangorras e pontes; nas duas trilhas — em uma delas há parada em um mirante —, os desafios são impostos pela própria natureza, mas há, por exemplo, descidas bastante inclinadas; com tempo úmido, a travessia pode consumir até quatro horas de aventura.

Pinheirinho

Localizado na região da Serra da Cantareira, é um caminho rodeado de pinheiros, com obstáculos como erosão, barro na pista e muitas subidas íngremes. “Ali tem quase tudo o que um fanático por off-road procura, menos transposição de rios e trechos de areia”, diz Carlos Eduardo Ribeiro de Oliveira, o JJ, jipeiro há trinta anos. “É uma trilha relativamente curta, mas que pode consumir até cinco horas de travessia.” O acesso é feito na Estrada da Roseira, em Mairiporã. Apesar da dificuldade, o lugar tem muitas áreas onde é possível fazer o resgate dos veículos em situações de emergência e diversas outras que permitem ao motorista abortar o passeio em caso de apuro.

Fazenda Santa Rosa

Boa opção para grupos e motoristas iniciantes — como está em uma fazenda particular, há equipes de apoio para os jipeiros. O caminho, em uma região rica em nascentes na cidade de Atibaia, é feito em terreno diversificado (grandes erosões, atoleiros e trechos de barro e areia) e com nível de dificuldade médio. “Todos os trechos mais desafiadores têm o que chamamos de ‘aborto’, para quem não quer forçar muito o carro ou não está seguro”, conta Paulo Loesch, proprietário da fazenda. Acesso pela Rodovia Dom Pedro I.

O manual dos jipeiros

Dicas de direção para uma aventura off-road segura

– Antes de tudo, informe-se sobre a trilha: consiga mapas e tenha certeza de que é permitido entrar no terreno. Muitos motoristas acabam multados e com carros apreendidos por se aventurar em trechos de proteção ambiental e de circulação proibida.

– Evite fazer as trilhas sozinho ou em apenas um carro, especialmente na primeira vez.

– Procure “calçar” o carro com o pneu adequado: os jogos originais têm foco maior na velocidade, não na aderência, e pode ser preciso fazer a adaptação. Se a trilha for muito irregular, esvaziar um pouco os pneus ajuda a aumentar a aderência.

– Atenção redobrada nas inclinações laterais e subidas muito íngremes (se o piloto falhar, o carro pode escorregar e o peso do motor fará com que ele vire lateralmente).

– Para vencer pequenos rios, cheque a profundidade antes. Depois de entrar na água, não pare de acelerar. Terminada a travessia, mantenha o pedal do freio pressionado por alguns segundos, para restaurar seu funcionamento.

– Em descidas íngremes, use primeira marcha e aceleração constante. Pisar no freio pode fazer com que o carro perca aderência e controle. Nas subidas, tente começar o trecho já embalado, em segunda ou terceira marcha, e não acelere demais.

– Em trechos com lama, acelere em “soquinhos” e mova o volante de um lado para o outro, para dar mais aderência aos pneus.

KIT DE SOBREVIVÊNCIA

Itens indispensáveis dos jipeiros

– Cinta de reboque

– Guincho elétrico

– GPS

– Walkie-talkie ou rádios de comunicação

– Lanterna

– Macaco high-lift

– Água e lanches

– Luvas de raspa

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